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LUAR SANCHEZ  

Grafitagem de São Paulo

Dentre certas estórias e poemas que escrevi nestas nossas terras e em viagens ao redor do mundo optei em escolher o tema ‘Urbanus”, devido ao fato do mesmo estar inserido em nossas vidas tanto quanto no sangue que corre em nossas veias e mesmo no ar que respiramos, pois como animais distintos do restante da natureza, sempre necessitamos nos agrupar primeiramente em tribos, pequenas aldeias e vilarejos paulatinamente e no correr do tempo transformados em povoados, até se tornarem cidades dentro das quais hoje nos engendramos tal qual nas florestas tentando sobreviver. Com o intuito provável de nos protegermos da natureza feroz construímos cidades, sendo que com o tempo nos tornamos reféns do que outrora nos protegia, como se a criatura houvesse se rebelado ao criador. Metrópoles que reluzem, vistas do espaço, intercalam-se de pontos brancos o planeta. Cada uma delas com seus costumes, algumas modernas e com pouca identidade, outras cheias de historia pontuadas por acontecimentos que marcaram o homem e sua evolução, sendo que muitas transformadas em torres de Babel pós-modernas; raças e credos que se mesclam a guetos e quarteirões territoriais demarcados por esquinas. Cidades na grande maioria possuidoras de formas e conceitos similares; ( se por ventura, imaginemos que nos pudéssemos tele-transportar para dentro de vários shoping Centers de partes distintas e antagônicas como: As Américas, África, Europa, Ásia ou Médio Oriente, em questões de minutos, e nos fosse retirada uma venda dos olhos, por instantes, sem se quer ler um letreiro de loja, ou alguma placa de informação, não saberíamos em que lugar haveríamos de estar.) já notaram que quando falamos de hábitos rotineiros como: comprar pão e jornal nas manhãs e ir a um supermercado, tomar o metro, ou mesmo passear num parque para correr e se exercitar, nada nos difere? E quanto aos domingos, como são semelhantes, pois nos igualamos nas mórbidas apatias. Historias reais e fantásticas de sucessos e fracassos, solidões coletivas, abstrações ilusórias daqueles cujo sonho não realizado subestimou a razão. Esforços dos que no meio das multidões desejam ser lembrados criando trejeitos e comportamentos distintos de novas tribos e tendências culturais surgidas como num passe de mágica oriundas das diversidades. Estruturas sem coerência formadas por concretos aglutinados rumo ao céus; construções de diversos tipos a se alastrar por estradas infindáveis empurrando pra longe os verdes das matas,descamando as encostas, encobrindo de cimento e aço as empalidecidas curvaturas dos vales, até onde nossas vistas podem alcançar. Cidades esfumaçadas, em cujo ar tóxico, produzido pelas ações industriais e também pelos engarrafamentos monstruosos, possuidoras de corredores e prédios fracionados de vai e vens desconcertantes, fazendo os horizontes desaparecerem, onde o belo e o horrível se mesclam criando novos conceitos estéticos.
Megalópoles agigantadas como um vírus descontrolado se alastrando e fundindo-se a outras novas pelo caminho a deglutir por inteiro nosso planeta, e quem sabe, como nos vórtices dos tempos ou num lapso de segundo, posto que a cronologia seja tangível, mas deveras imaterial, surgirão a flutuar longe da terra, transgredindo as leis da física moderna, atreladas a forças centrifugas inimagináveis, as galácticas cidades do porvir.

Luar Sanchez   
 
 
Contato:
E-mail: urbanusurbanus@yahoo.com.br

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